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Hoje, dispo-me do pudor que habitualmente me acompanha e trago aos leitores um poema meu de desejo e acção ou antes do desejo em acção. E a acção, essa, é uma excelente sugestão para tardes de confinamento.
Eros ao entardecer
penetrar-te
húmida, expectante
sentir a prisão
do abraço
das tuas pernas nas minhas
colar os corpos
lentamente roçar
na língua o mamilo
sentir retesar a barriga
suavemente mover
o corpo
pele contra pele
entrar e sair
aflorar apenas a ponta da glande
os lábios arfantes
sexo que espera penetrar de novo
os corpos suados
o cheira da axila
rebolar
um sobre o outro num abraço
infinito
rodar sobre ti
beijar os pés
continuar preso
no fundo
lentamente voltar e beijar
os lábios
saborear a língua
cadencia do movimento das ancas
numa repetição
acelerada
e assim continuar
eternamente
desejo
Carlos Mendonça Lopes
Abre o artigo a imagem de um meu trabalho digital, Nude BW, sobre uma fotografia que anos atrás fiz.