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Tag Archives: Íbico

Íbico — Para mim o amor não descansa em nenhuma estação

12 Quarta-feira Fev 2020

Posted by viciodapoesia in Poesia Grega Antiga

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Íbico, Rafael

É um fogoso poeta que nos surge neste fragmento poético (fr. 286 PMG) de Íbico (séc. VI a.C.), poeta da Grécia arcaica, numa tradução de Frederico Lourenço, a que o tradutor chamou Primavera:

… Mas para mim o amor

não descansa em nenhuma estação;

ardendo sob o relâmpago 

como o Bóreas da Trácia,

lança-se de junto de Cípris com sedentas

insânias, …

 

Estas sedentas insânias são o vórtice da paixão que acomete alguns em amores sem medida, e, como refere o poeta: com força, de cima a baixo, sacode / o meu espírito.

Que o S. Valentim traga a todos o amor assim…

 

 

Primavera (fr. 286 PMG)

 

Na Primavera, os marmeleiros

da Cidónia, regados pelas correntes 

dos rios, lá onde das Virgens

está o puro jardim; e os pâmpanos

a crescerem sob folhagens sombrias,

rebentos de vinha. Mas para mim o amor

não descansa em nenhuma estação;

ardendo sob o relâmpago 

como o Bóreas da Trácia,

lança-se de junto de Cípris com sedentas

insânias, tenebroso, desavergonhado,

e com força, de cima a baixo, sacode

o meu espírito.

 

Tradução de Frederico Lourenço

in Poesia Grega de Álcman a Teócrito, Livros Cotovia, Lisboa, 2006.

E agora, para os leitores com mais tempo e curiosidade, duas outras versões do mesmo poema, uma em português, outra em inglês.

 

O amor não dorme

 

Na primavera, regados

pelas águas dos regatos, os marmeleiros 

florescem no inviolado 

jardim das Virgens e as flores 

da videira despontam e crescem 

sob os talos umbrosos dos pâmpanos.

Mas para mim o amor 

em nenhuma estação repousa, antes como 

o tracio Bóreas, inflamado 

pelo relâmpago, irrompendo

da morada de Cípris, com fúria 

abrasadora, obscuro 

e intrépido, com força 

de alto a baixo sacode 

o meu coração.

 

Tradução de Albano Martins

in Antologia da Poesia Grega Clássica, Edições Afrontamento, 2011.

Termino com a tradução inglesa de M. L. West:

286

In spring the Cydonian quince-trees 

watered from freshets of rivers

where Nymphs have their virginal gardens 

blossom, and vine-shoots are growing 

under the shade of the branches;

but Love in me at no season is laid to rest.

 

Like the North Wind of Thrace that comes blazing 

with lightning, he rushes upon me,

sent by the Cyprian goddess

with withering frenzies, dark-lowering,

undaunted, and from the foundations

he overwhelms and devastates my heart.

 

Tradução M. L. West

in Greek Lyric Poetry, Oxford World Classics, 2008.

Abre o artigo a imagem de um fragmento de uma pintura de Rafael (1483-1520), The Sistine Madonna, 1513-14, pertencente à colecção da Gemäldegalerie de Dresden.

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