• Autor
  • O Blog

vicio da poesia

Tag Archives: Francisco Villaespesa

Um soneto de Francisco Villaespesa

29 Domingo Dez 2019

Posted by viciodapoesia in Poesia Espanhola

≈ Deixe um comentário

Etiquetas

Francisco Villaespesa, Tom Wesselmann

Como bem lembra algures Octávio Paz (1914-1998), o erotismo não é uma simples imitação da sexualidade, é a sua metáfora, ou como noutra ocasdião referiu Georges Bataille (1897-1962), o erotismo humano é da esfera da espiritualidade.

As consideraçõs de tais autoridades literárias são o intróito a um poema de Francisco Villaespesa (1877-1936) que a seguir transcrevo, seguido de uma minha tradução:

La sabia mano a cuyo tacto ardiente
vibra la carne como un instrumento,
prolongó la agonía del momento
en una languidez intermitente…

Oh, el cálido contacto de tu frente!
Oh, tu dorso desnudo y opulento
echado sobre mí, como un sediento
sobre lá superfície de una fuente!

Mis besos perfumaron el vacío
de un húmedo y mortal escalofrío…
Y bajo tu melena estremecida

en un áureo manojo de serpientes,
sentí sangrar y sucumbir mi vida,
entre el canibalismo de tus dientes!

Para quem não seja fluente em castelhano segue uma tradução aproximada do soneto.

A sábia mão a cujo tacto ardente
Estremece a carne como um instrumento
Prolongou a agonia do momento
Em uma languidez intermitente…

Oh, cálido contacto da tua frente!
Oh, o teu dorso nu e opulento!
Deitado sobre mim, qual um sedento
Avidamente bebe de uma fonte!

Meus beijos perfumaram o vazio,
Húmida morte suou em calafrio…
E sob a tua melena estremecida

Num glorioso abraço de serpentes
Senti sangrar e sucumbir a vida,
Entre o canibalismo dos teus dentes!

Tradução de Carlos Mendonça Lopes

Conhecemos mal em Portugal a poesia erótica espanhola e hispano-americana, que é muita e de elevada qualidade média. Poetas há em que a tensão erótica perpassa toda a obra, e estou a lembrar-me de Octávio Paz, Luis de Góngora, Ruben Darío, Lorca, Vicente Aleixandre, isto para referir apenas os mais conhecidos entre nós.

 

Abre o artigo a imagem de uma pintura de Tom Wesselmann (1931-2004), Great American Nude 59 (1965).

 

Nota final

O poema, a tradução, e uma primeira versão do artigo foram publicados no blog em Agosto de 2011.

 

Partilhar:

  • Tweet
  • Carregue aqui para enviar por email a um amigo (Abre numa nova janela) E-mail
  • Partilhar no Tumblr
  • Clique para partilhar no WhatsApp (Abre numa nova janela) WhatsApp
  • Pocket
  • Clique para partilhar no Telegram (Abre numa nova janela) Telegram
Gosto Carregando...

Visitas ao Blog

  • 2.348.830 hits

Introduza o seu endereço de email para seguir este blog. Receberá notificação de novos artigos por email.

Junte-se a 894 outros subscritores

Página inicial

  • Ir para a Página Inicial

Posts + populares

  • Fernando Pessoa - Carta da Corcunda para o Serralheiro lida por Maria do Céu Guerra
  • As três Graças - escultura de Canova e um poema de Rufino
  • Pelo Natal com poemas de Miguel Torga

Artigos Recentes

  • Sonetos atribuíveis ao Infante D. Luís
  • Oh doce noite! Oh cama venturosa!— Anónimo espanhol do siglo de oro
  • Um poema de Salvador Espriu

Arquivos

Categorias

Create a free website or blog at WordPress.com.

Privacy & Cookies: This site uses cookies. By continuing to use this website, you agree to their use.
To find out more, including how to control cookies, see here: Cookie Policy
  • Subscrever Subscrito
    • vicio da poesia
    • Junte-se a 894 outros subscritores
    • Already have a WordPress.com account? Log in now.
    • vicio da poesia
    • Subscrever Subscrito
    • Registar
    • Iniciar sessão
    • Denunciar este conteúdo
    • Ver Site no Leitor
    • Manage subscriptions
    • Minimizar esta barra
 

A carregar comentários...
 

    %d