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Anna Margit- Guardian of Flame 500pxAbro ao acaso a antologia Rosa do Mundo: apenas um poema por poeta, de tempos imemoriais ao século XX, num percurso pelo mundo. Sem enquadramentos literários ou considerações avulsas sobre o seu significado, tão só a força da poesia ao encontro do leitor.

Do acaso de hoje trago o poema As Portas de  Ruth Fainlight (1931) em tradução de Ana Hatherly.

 

As Portas

 

Há o trabalho de dar à luz.

Já o conheci — às vezes

lembro até o esforço de nascer.

Para vir está ainda

o trabalho de deixar a vida. Vi como é difícil

para alguns, enquanto outros,

que estavam presentes num momento

a seguir desapareceram. Passei

a porta da carne. Agora, a espera — quanto ainda? —

para aprender a última tarefa

antes de atravessar a porta da terra.

 

in Rosa do Mundo, 2001 Poemas para o Futuro, Assírio & Alvim, Lisboa, 2001.

Abre o artigo a imagem de uma pintura de Anna Margit (1913-1991).